"Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia. Pois o triunfo pertence a quem se atreve... a vida é 'muito', para ser insignificante". Charles Chaplin.



terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Professor marca greve para março

A decisão dos professores da rede pública de cruzarem os braços em 15 de março teve como pano de fundo dois critérios: a baixa mobilização da categoria no início do ano e a possibilidade de ganhar tempo e fortalecer o movimento com uma greve geral, em âmbito nacional. Entre uma ação rápida e um tempo maior para se organizar, os presentes escolheram a segunda opção. Insatisfeitos, alguns disseram que seria melhor responder com pressa diante da falta de propostas do Governo do Distrito Federal, mas, ao mesmo tempo, não viam possibilidade por causa da tímida articulação do Sindicato dos Professores (Sinpro) no período de férias. Cerca de 3 mil docentes estiveram na Praça do Buriti, entre as 9h30 e as 11h30 de ontem, segundo levantamento da Polícia Militar. 
Os professores também decidiram por uma nova reunião da categoria em 8 de março, sete dias antes da greve geral. O movimento nacional é encabeçado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). O movimento dos trabalhadores terá duas frentes. Uma federal, contra as reformas do ensino médio, trabalhista e da previdência, e outra, local. Do GDF os educadores exigem o pagamento da última parcela do reajuste previsto na lei do Plano de Carreira, de 3,7%; reposição de perdas, de 18%; equiparação salarial com a receita média de outras carreiras de nível superior do GDF; contratação de docentes e orientadores aprovados em concurso; reajuste no tíquete-alimentação, congelado desde 2015; nomeação de novos mestres e monitores e pagamento de pecúnia de licenças-prêmio atrasadas para os aposentados.
Diretora do Sinpro, Rosilene Correa disse que a decisão dos professores foi acertada. Segundo ela, nas férias, muitos professores viajam e a mobilização é feita de uma forma diferente. "Há uma dificuldade de movimentação nas férias. Fizemos campanhas midiáticas e nas redes sociais e contagem regressiva para uma resposta do governo. É natural que, no período, a categoria estivesse distante", argumentou. "Temos uma série de motivos para ter feito greve no ano passado, mas precisamos avaliar e ter estratégia. Temos um pacote de problemas federais e locais. O GDF tenta manter a categoria no prejuízo. Em nossas conversas com o governo, não houve nenhum avanço pedagógico e financeiro. A tendência deles (do GDF) é endurecer, mas não tínhamos como abrir mão do movimento nacional. O Executivo também tem tempo para reverter a relação que mantém com os professores e apresentar propostas concretas", acrescentou.
O secretário de Educação do DF, Júlio Gregório, disse ao Correio que teve cinco reuniões com o Sinpro, nas quais mostrou a situação econômica do governo. "Eles consideram propostas concretas as de aumento salarial. Entendemos que manter os pagamentos em dia, o 13°, as férias e as pecúnias de licença-prêmio dentro do cronograma seja mais importante que conceder um reajuste e, em três meses, não conseguir pagar mais em dia, e ter que atrasar e parcelar salários. As folhas de pagamento atuais já representam um elevado percentual de gastos aos cofres públicos", afirmou. Ele também destacou que o GDF não vai prometer o que está "no futuro da arrecadação". "Se concedêssemos o reajuste prometido a 32 categorias, o impacto seria de R$ 1,4 bilhão. O resultado da assembleia foi positivo. Os professores terão mais tempo para refletir e chegar a uma situação em que o estudante não fique tão prejudicado", completou.
Matriculada no Centro de Ensino Médio Setor Oeste, na 912 Sul, a estudante Lorena Araújo, 17 anos, chegou à unidade ontem e encontrou os portões trancados. "Eu vim de van, lá de Valparaíso (GO), cheguei aqui e descobri que não tinha aula. A minha sorte é que minha tia pôde vir me buscar. Se não, teria que ficar esperando até as 18h40", reclamou. Apesar disso, Lorena se disse a favor da paralisação. "Os educadores devem se mobilizar, mas a escola tinha que ter comunicado a gente. A responsabilidade de nos avisar sobre as aulas é da escola, não dos professores."
Assim como Lorena, Gabriela Melo, 15, aluna do Elefante Branco, na 907 Sul, chegou ao colégio e encontrou os portões fechados. A mãe da garota, Rosalina Melo, 38, também não ficou feliz com a surpresa, mas disse acreditar que a paralisação tem um bom motivo. "Se os professores não estão recebendo o que deveriam, eles têm que protestar mesmo. Quem trabalha sem receber?", questionou.

(Correio Braziliense, 14/02/2017)

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