"Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia. Pois o triunfo pertence a quem se atreve... a vida é 'muito', para ser insignificante". Charles Chaplin.



quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Sessão Especial celebrou 50 anos do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de SC

(Reportagem: Vitor Santos – Fotos: Solon Soares/Agência AL)

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação na Rede Pública de Ensino do Estado de Santa Catarina (SINTE/SC) completou 50 anos de fundação e foi homenageado pelos deputados estaduais nessa terça-feira (18). “É uma noite especial, comemoramos 50 anos da entidade que representa os mais de 65 mil trabalhadores em educação e que luta em defesa da educação pública de qualidade”, declarou Luciane Carminatti (PT), propositora da homenagem.
Segundo a deputada, a representação sindical dos professores foi fundada em 8 de maio de 1966, na época denominada Associação dos Licenciados de Santa Catarina (ALISC). “A ALISC foi fundada durante a ditadura militar, os professores tiveram a coragem de enfrentar o sistema e a repressão e começaram a organização sindical”, elogiou a representante de Chapecó. “Quando a ALISC nasceu os licenciados não tinham direitos, éramos designados em caráter precário”, lembrou a professora Ana Maria do Nascimento Aquini, que dirigiu a associação de 1986 a 1988.
Para Alvete Pasin Bedin, que presidiu o SINTE/SC de 2010 a 2013, a história do sindicato foi construída por muitas mãos. “É resultado da luta incondicional de toda uma categoria. Lutamos para conquistar e para não perder direitos”, avaliou a sindicalista, que destacou paralisações históricas. “Fizemos greves grandes, com 90% das escolas e mais de 85% dos profissionais parados, sempre às duras penas, nenhum governo deu benesses aos professores”, justificou Alvete Bedin.
O Coordenador do SINTE/SC, Aldoir José Kraemer, lamentou a possibilidade de cortes nos recursos destinados à educação devido ao limite dos gastos públicos. “A educação é a esperança de ascensão social dos mais pobres, quando você aprova uma emenda constitucional dizendo que em 20 anos serão congelados os investimentos, tira a perspectiva dos pobres de ter melhoria na vida, é contra isso que lutamos”, afirmou Kraemer.
Prestigiaram a sessão especial os deputados Neodi Saretta (PT), Dirceu Dresch (PT) e Ana Paula Lima (PT), além de representantes da Defensoria Pública, Ministério Público Estadual (MPSC), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sindicato dos Professores das Universidades Federais de SC (Apufsc), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e União Florianopolitana de Entidades Comunitárias (Ufeco).
Desafios atuais
Carminatti chamou a atenção para os problemas atuais que desafiam os educadores. A parlamentar citou a PEC 241, que institui um teto para os gatos públicos. “Tira dos mais pobres para dar aos mais privilegiados”, disparou a deputada, referindo-se aos juros da dívida da União pagos aos credores nacionais e internacionais do país, que não estão sujeitos a cortes.
A parlamentar também criticou a reforma do ensino médio e o projeto escola sem partido. “A Medida Provisória nº 746/2016 permite que professores qualificados sejam substituídos por profissionais de notório saber, e a escola sem partido quer calar vozes. A educação precisa da nossa força, temos a responsabilidade de protagonistas”, discursou Carminatti, que não esqueceu o sucateamento das escolas, a desvalorização salarial dos mestres e a ausência de formação continuada no estado.
Amargas lembranças
Aldoir Kraemer revelou que muitos ex-dirigentes do SINTE/SC não aceitaram a homenagem do Parlamento barriga-verde. “Muitos professores alegaram que aqui não era lugar de receber homenagens por causa das amargas lembranças, mas essa é uma casa de contradições, temos deputados oriundos da classe trabalhadora que também estão aqui, eles são minorias. Infelizmente o sistema não retrata o que a sociedade é, tem uma maioria lá fora que aqui dentro é minoria”, argumentou o Coordenador do sindicato dos professores.
Histórias de sindicalistas
Ana Maria Aquini contou que após a fundação da ALISC houve uma mobilização para buscar direitos na Justiça. “Quando ganhamos as ações – e foi um bom dinheiro – a  ALISC cresceu, começou a tomar corpo, conseguimos novos sócios e a organização ficou mais forte”, recordou a professora, revelando em seguida que naquele tempo não havia carros oficiais, nem liberação para atuar no sindicato. “Eram nossos carros que rodavam, não tínhamos liberação, éramos professores em sala de aula e diretores da ALISC, o interessante é que nesse período conseguimos fazer greves fundamentais que refletem até hoje”, explicou Aquini.
De acordo com a ex-dirigente, a primeira greve de professores aconteceu em 1980. “A primeira greve veio forte do Oeste. A partir dela descobrimos que as escolas e a ALISC juntas eram fortes. Foi uma greve dificílima, o Esperidião Amin era governador, ele colocou o aparelho estatal em cima de nós, os diretores ligavam e um grupo de policiais chegava na escola. Nós então íamos para uma (Chevrolet) Caravan, todo o comando cabia na Caravan, esperávamos os policiais irem embora e voltávamos para a escola”, descreveu Aquini.
Dessa greve resultaram as comissões que discutiram o estatuto do magistério, o plano estadual de educação e o plano de carreira do magistério. “Foram dez dias de greve e olha aonde essas comissões pararam: o plano de carreira nasceu lá”, enfatizou Ana Maria Aquini.
Outra paralisação destacada pela ex-presidente da ALISC ocorreu em 1987, no governo Pedro Ivo Campos. “No primeiro dia de greve havia cerca 20 manifestantes na frente do palácio (atual praça Tancredo Neves). O governador colocou na rua 600 policiais, cães adestrados, até um tanque e nos cercaram, éramos meia dúzia de gatos pingados. Conclusão: as imagens apareceram na televisão ao meio-dia e à tarde a praça encheu de gente. A resposta foi ‘vamos à luta’. Foi a greve mais linda, unificada com todos os servidores, nem sindicato éramos, nem tínhamos direito à greve, foi um marco nas nossas vidas”, reconheceu Aquini.
Homenageados da noite
Julio Wiggers, presidente da ALISC de 1974 a 1978
Ana Maria do Nascimento Aquini, presidente da ALISC de 1986 a 1988 e Coordenadora do SSINTE de 1996 a 1998
Mauro Francisco Vieira, presidente da ALISC de 1978 a 1980
Elvio Previdello, presidente da ALISC de 1980 a 1983
Sergio José Grando, presidente da ALISC de 1984 a 1986
Rita de Cássia Pacheco Gonçalves, Coordenadora do SINTE de 1990 a 1992
Marta Vanelli, Coordenadora do SINTE 1998 a 2001 e 2001 a 2004
Antonio Valmor de Campos, Coordenador do SINTE 2004 a 2006 e 2010
Joaninha de Oliveira, Coordenadora do SINTE 2008 a 2010
Alvete Pasin Bedin, Coordenadora do SINTE de 2010 a 2013
Luiz Carlos Vieira, Coordenador do SINTE de 2013 a 2016
Aldoir José Kraemer, atual Coordenador do  SINTE
Também foram homenageados, os Coordenadores Regionais de Florianópolis, Tubarão, Criciúma, Blumenau, Joinville, Rio do Sul, Lages, Mafra, Joaçaba, Concórdia, Chapecó, São Miguel do Oeste, Itajaí, Caçador, Araranguá, Brusque, Ibirama, Xanxerê, Maravilha, Jaraguá do Sul, Canoinhas, Laguna, Ituporanga, Curitibanos, São José, São Lourenço do Oeste, Campos Novos e Videira.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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